Estou Cavando um Buraco partiu da necessidade de seus integrantes de verem um grupo de música quebrar a distância entre o artista e o público, enquanto promove uma teatralidade cuja ausência parece óbvia quando ela é aliada a música naturalmente. Acreditamos que o artista não precisa demonstrar seu trabalho para o público sem que a esfera de seu corpo, a corporalidade que ocupa espaços, seja apenas uma peculiaridade excêntrica, mas que ela seja assumida em sua teatralidade, utilizando o corpo, objetos, a voz, como formas de expressar novos significados ausentes em uma gravação.

A estética do grupo se baseia na simplicidade - não na simplicidade criativa, já que existe um elemento de complexidade e pesquisa nas criações do grupo - mas a simplicidade de um violão desplugado, eventualmente um violino, as vozes do cantor e do performer, e os elementos performáticos, compostos sem nenhuma pompa - um objeto simples, um movimento sistemático do corpo, um texto falado que interage com a música. Musicalmente o grupo Estou Cavando um Buraco compõe seu estilo de uma pluralidade de fontes: desde o rock desvirtuado por ser tocado em um violão, até algo que se assemelha ao folk, até um ritmo mais frenético, mais brasileiro, uma afinação experimental, vocalizações bem elaboradas, linhas de vocal bem encaixadas. Os temas das músicas são os mais variados, respeitando a necessidade do grupo de não ser monocórdio em suas criações.

Um dos principais métodos de criação do grupo é o improviso, um improviso destinado a estimular uma parte mais básica do cérebro, e gerar músicas mais sinceras, mais viscerais. Apesar da abrangência e da complexidade do grupo, prezamos pela acessibilidade, com músicas que podem ser compreendidas e apreciadas por qualquer classe ou esfera de público que entre em contato o trabalho. Definimos nossa sensibilidade artística pela necessidade de escapar de certas convenções, mas manter um produto final que toca no mais básico do ser humano.

O nome do grupo parte da existência de uma coletividade que entende pouco a si mesma quando confrontada com as necessidades de cada ser. Esse 'buraco' que cavamos é um que estamos cavando coletivamente, na influência que temos sobre o coletivo, mas também um buraco que cavamos sob nós mesmos, quando nos tornamos vítimas de nossa natureza que tende para o erro.